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Proibição da Cannabis

Entenda a proibição da cannabis

A Cannabis foi uma das primeiras plantas cultivadas pelo homem, sendo utilizada como remédio desde as antigas civilizações até a sua proibição, que só ocorreu no século passado. Mas se ela se mostrou tão terapêutica, por que foi proibida?

O avanço das indústrias farmacêuticas, de celulose e petrolíferas viu na cannabis uma ameaça econômica. A tintura de cannabis era acessível e tinha uma ampla gama de usos medicinais, enquanto a resistente e durável fibra do cânhamo ameaçava a produção em grande escala de setores como papel, celulose e petróleo. Jornais americanos, influenciados por esses interesses econômicos, desencadearam uma campanha sensacionalista anti-cannabis, associando-a à população marginalizada, especialmente aos mexicanos, que já enfrentavam discriminação.

No Brasil, após a abolição da escravatura, o aumento do uso da cannabis por negros, principalmente em rituais religiosos, gerou desconforto entre as autoridades. A planta passou a ser associada à criminalidade e carregou consigo o estigma racial, com médicos desempenhando um papel fundamental ao propagar a ideia de que “fumar maconha é uma vingança de negros selvagens contra os brancos.”

Em 1937, a pressão de grandes empresários nos Estados Unidos resultou na proibição da cannabis, ignorando a Associação Médica Americana, que não encontrou base científica para afirmar que a planta era prejudicial à saúde. Essa decisão deu início a um movimento global de proibição, que persiste até hoje, mesmo

enquanto a cannabis é vista como perigosa, enquanto o álcool, sem benefícios terapêuticos, é legal e socialmente aceito.

A proibição da cannabis também teve motivações econômicas. A descoberta da aspirina e de barbitúricos como o fenobarbital pela Bayer no final do século XIX ameaçou a indústria farmacêutica, uma vez que a tintura de cannabis, com sua ação abrangente e custo acessível, era usada em várias condições de saúde. Além disso, a fibra de cânhamo, natural e resistente, representava uma concorrência para as indústrias de celulose, algodão e petróleo.

Mídia e legislação

Em paralelo, a propaganda anti-cannabis liderada por William R. Hearst na década de 1930 nos EUA perpetuou estereótipos associando a planta à violência e marginalização, especialmente entre os mexicanos.

A Lei Seca nos anos 1920, ao proibir o álcool, acabou por aumentar a criminalidade e deu origem a máfias envolvidas no tráfico, causando danos aos usuários devido à produção ilegal com componentes tóxicos.

Em 1937, a Lei do Imposto sobre a Maconha foi proposta por Harry Anslinger, chefe do DEA, com apoio financeiro de empresas petrolíferas e farmacêuticas, praticamente

inviabilizando o uso medicinal e industrial da cannabis, apesar da falta de embasamento científico e da oposição da Associação Médica Americana.

No Brasil, a cannabis foi associada a populações de baixa renda, negros e criminosos, resultando em sua criminalização em 1938, perpetuando a visão de que a planta era perigosa e ligada à marginalidade, enquanto o álcool continuava a ser legal e socialmente aceito.

Opioides

O declínio do uso da cannabis medicinal abriu espaço para opioides, como o OxyContin®, com empresas farmacêuticas promovendo-os como medicamentos seguros, embora se tenha revelado que são altamente viciantes. Atualmente, nos EUA, as overdoses de opioides tiram mais vidas do que armas de fogo ou acidentes de trânsito, destacando as complexas implicações da proibição da cannabis na sociedade contemporânea.

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